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Inspirado no IPCC da ONU, órgão ajudará capital a combater efeitos das mudanças climáticas

 

Uma rede de conhecimento técnico e científico que pretende tornar mais acessíveis os dados sobre adaptação a mudanças do clima na capital baiana. Essa é a proposta do Painel do Clima de Salvador, órgão inspirado no IPCC (Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas), que será lançado em agosto durante a Semana LatinoAmericana e Caribenha de Clima.

“Será importante quando se pensa em tornar Salvador mais sustentável, porque essas informações vão permitir que os setores público, privado e sociedade civil tenham instrumentos mais confiáveis na luta pela redução dos problemas ambientais na nossa cidade”, projeta o secretário municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis) André Fraga.

As atividades do Painel do Clima de Salvador serão resumidas em quatro frentes de trabalho: câmaras temáticas, seminários bianuais, banco de trabalhos e financiamento de projetos. Para esse início, dez câmaras temáticas já foram criadas: Mobilidade; Resíduos; Energias Renováveis e Eficiência Energética; Zona Costeira; Gestão da Água; Áreas verdes; Eventos climáticos extremos (seca, inundação e deslizamento); Saúde; Impacto Econômico e Inclusão Social; e Resiliência Urbana.

“Estas câmaras temáticas serão distribuídas em diferentes instituições de ensino, como a Universidade Federal da Bahia (Ufba), Universidade Salvador (Unifacs), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba) e a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz). Cada câmara temática terá um coordenador especialista, que vai reunir outros pesquisadores da área para juntos desenvolverem estudos sobre o tema proposto”

André Fraga, secretário municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis)

CO2 de Salvador
A câmara da área de mobilidade tende a ser uma das mais importantes, uma vez que 74% das emissões de gases do efeito estufa (CO2) de Salvador são provenientes do setor de transportes, segundo dados de 2015 do inventário da emissão de gases do efeito estufa da capital. Pioneiro na cidade, o documento foi elaborado pelo Iclei, a principal associação mundial de governos locais dedicados ao desenvolvimento sustentável.

“Este dado nos ajuda a nortear quais políticas públicas podem ser adotadas para reduzir as emissões. Esse inventário foi de extrema importância para o município, no sentido de termos dados que demonstrem a situação atual das emissões de gases do efeito estufa, além de uma base de informações para comparativos com os próximos documentos a serem elaborados”, destaca o titular da Secis.

Emissões de CO2 em Salvador:

  • Transporte (terrestre, aéreo e hidroviário): 74%;
  • Energia estacionária (edifícios e indústrias): 18%;
  • Resíduos (tratamento de efluentes, incineração e aterros): 8%
  • Fonte: Inventário de Emissões de Salvador

Bike Salvador
De acordo com o inventário de emissões, Salvador emite por ano 3.698.964 milhões de toneladas equivalentes de gás carbônico (CO2). Esse número seria maior se não existissem iniciativas de sustentabilidade como o Bike Salvador, sistema de bicicletas compartilhadas criado em 2013 e modernizado em 2018. De janeiro a junho deste ano, seus usuários completaram 33 mil quilômetros percorridos – quase o tamanho de todo o litoral da Rússia, o terceiro maior do mundo (37 mil km).

Com o uso das bicicletas, os soteropolitanos foram responsáveis por uma economia de 28 toneladas de emissão de CO2 na atmosfera 

Com o uso das bicicletas, os soteropolitanos foram responsáveis por uma economia de 28 toneladas de emissão de CO2 na atmosfera e poderiam ter pedalado por quase cinco meses seguidos, somando todos os minutos percorridos de bike na capital baiana. Segundo informações do Itaú Unibanco, que patrocina o projeto, Salvador registra a maior concentração de viagens em dias úteis, durante os horários de rush.

Frota mais limpa
Outra ação que merece destaque diz respeito ao transporte coletivo. Todos os dias, 2.682 ônibus vão às ruas de Salvador, o que causa impactos ambientais. É que quando saem pelo escapamento dos veículos, as partículas do diesel mais poluente penetram no pulmão e no sangue. Por essa razão, 20% da frota já utiliza o padrão Euro VI (com filtro de partículas). Um estudo coordenado pela pesquisadora da Fiocruz Bahia Nelzair Araújo Vianna demonstrou que essa iniciativa evitou a morte de dez pessoas por agravamento de problemas cardiovasculares e respiratórios decorrentes da poluição do ar.

“Demonstramos que se 100% da frota utilizasse o Euro VI, um total de 68 mortes seriam evitadas”, acrescenta a especialista, que é doutora em Ciências pela USP e mestre em Medicina e Saúde pela Ufba. O objetivo é que o padrão menos poluente – o qual limita a emissão de hidrocarbonetos, óxido de nitrogênio (NOx) e enxofre - seja implementado em 1 mil novos coletivos da capital baiana.

Semana do Clima
Estas e outras iniciativas voltadas ao combate às mudanças climáticas estarão em discussão na Semana LatinoAmericana e Caribenha de Clima (Climate Week ou Semana do Clima), de 19 a 23 de agosto, no Salvador Hall ( Av. Luis Viana Filho s/n, Wet n Wild - Paralela). Promovido pela ONU e co-organizado pela Prefeitura de Salvador, o evento objetiva sensibilizar e apoiar os membros da nossa sociedade nos países em desenvolvimento, em nível regional, para alcançar a neutralidade climática global até meados deste século. As inscrições podem ser feitas pelo site www.regionalclimateweeks.org até 18 de agosto.

“O evento consolida o posicionamento internacional de Salvador, movimenta a economia e é uma oportunidade de mostrarmos os avanços que temos alcançado nos últimos anos, especialmente no que diz respeito às mudanças climáticas. No próximo mês iniciaremos o desenvolvimento do Plano Municipal de Adaptação e Mitigação às Mudanças Climáticas, com recursos do C40 e do BID, por meio do Prodetur Salvador”, comemora André Fraga.

 

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